Saiba mais sobre o Curupira em cinco curiosidades, um bate-papo e um livro incrível

16/07/2021

Pai do Mato, Mãe do Mato, Caiçara, Caapora, Anhangá, Caipora, Curupira. Conhece? O que você sabe sobre esse defensor das matas, conhecido por seus pés para trás e seu cabelo cor de fogo? No dia 17 de julho comemoramos o Dia do Protetor da Floresta, que, no nosso caso, é ninguém mais ninguém menos que o próprio, ele, o Curupira!

Capa do livro Procura-se o Curupira, da Brinque-Book, sobre o personagem do nosso folclore

Novo livro dos autores de Quem matou o Saci traz o Curupira como pivô de uma história de suspense e investigação. Imagem: Procura-se o Curupira, de Alexandre de Castro Gomes (texto) e Cris Alhadeff (ilustrações)

  Por isso, trouxemos para você:

  • Cinco curiosidades para ler com as crianças sobre esse ser mitológico da cultura brasileira;
  • Uma entrevista com Alexandre de Castro Gomes e Cris Alhadeff, autores do romance juvenil Procura-se o Curupiura

A seguir, as curiosidades :-)

Cinco curiosidades sobre o Curupira

Listamos aqui fatos curiosos sobre a figura deste ser mitológico que defende a ecologia!

1) Padre Anchieta já falava dele em 1560!

O Curupira é o ser mitológico com registros mais antigos de existência. Numa carta de 1560 (!), o padre jesuíta José de Anchieta já falava sobre ele. Em seu relato, o padre diz que o Curupira enfrentava os índios que atacavam seus animais dentro da mata. Para evitar a fúria do ser mitológico, os indígenas costumavam oferecer a ele presentes ao entrar na mata, como penas e esteiras.

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2) Ele é capaz de ressuscitar animais

Curupira não apenas defende os seres da floresta de seus agressores -geralmente os homens-, mas também é capaz de ressuscitar os animais vítimas dos ataques covardes.

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3) Curupira vive na parte mais densa da floresta

Não pense que vai encontrar com esse ser mitológico em qualquer lugar da mata ou perto da cidade. Curupira vive na parte mais fechada e profunda da floresta.

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4) Ele confunde os invasores

Seus pés para trás servem para confundir os caçadores. Mas não é só isso: o Curupira simula os gritos e sons de vozes humanas para atrair os invasores e deixá-los perdidos. Não pense que ele seja fofo com caçadores: esse ser das matas não tolera quem caça seus animais ou quem caça "por prazer". Com eles, ele é implacável e agressivo.

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5) Curupira é pop

Ele aparece em livros e agora até em séries de TV. Como se não bastasse, tem uma estátua dele no Horto Florestal de São Paulo, na zona norte da cidade.

 

"As ideias começaram a brotar"

Alexandre de Castro Gomes e Cris Alhadeff já tinham enveredado pelas histórias do folclore brasileiro. Ele é autor e ela é ilustradora do romance de suspense juvenil Quem matou o Saci, premiado com o Selo Cátedra 10 de Qualidade infantojuvenil.

LEIA MAIS: Folclore e cultura: cinco curiosidades e um livro premiado sobre o Saci

Agora, eles voltam a esse tema trazendo outros personagens da mitologia popular brasileira. Neste livro, um menino desaparece, e a já conhecida detetive Billy Conrado se vê na mata, às voltas com o Pé de Garrafa, a Maria Caninana e até mesmo com... um "jacaré" muito especial. Convidamos os autores para um papo, que você lê a seguir:

Blog da Brinque: Quando ou como vocês perceberam que Quem matou o Saci precisava ter uma continuação?

Alexandre de Castro Gomes: Não achamos que precisasse ter uma continuação. Podia ter terminado ali, que já estaria bom. A verdade é que ficamos tão empolgados com a recepção do livro e com as crianças pedindo novas histórias de investigação com seres do folclore, que as ideias começaram a brotar. E aí não tem jeito. Nasceu na cabeça, vai para o papel. Uma história que não é escrita é como um brinquedo na embalagem. Ela está lá, pedindo para que a gente a conte, que a gente brinque com ela.

BB: Como foi a escolha desses novos personagens? Algum personagem folclórico ficou de fora? Como foi a edição de quais entrariam e quais ficariam de fora (para um próximo livro, talvez)?

Alexandre: A escolha seguiu o mesmo critério do primeiro livro: personagens que pudessem se passar por humanos comuns. Quisemos evitar os monstros, embora tenha escolhido a Cabra Cabriola para o primeiro justamente para expor esse contraste. No segundo, os monstros aparecem, mas isso vem com o elemento da surpresa. Não posso contar mais para não dar spoiler. Ficaram várias criaturas bacanas de fora. Não dá para colocar todas, evidentemente. Já temos três possibilidades de continuação em planejamento. Tudo vai depender do mercado, mas uma tende para o lado fantasmagórico, outra para o monstruoso e uma terceira para o aquático.

BB: Como é a pesquisa de vocês para levantarem as informações sobre esses personagens folclóricos? É google, livro, memória? Onde estão as principais fontes?

Alexandre: A pesquisa usa um pouco de cada uma dessas fontes, mas a principal mesmo é o livro. São páginas e páginas de Câmara Cascudo e de outros folcloristas e autores que documentaram as nossas criaturas maravilhosas. Felizmente, ao longo dos anos, pudemos montar aqui em casa uma biblioteca muito boa sobre o assunto, mas ainda assim as vezes recorro a amigos em busca de novos textos.

Cris Alhadeff: Câmara Cascudo, Lindolfo Gomes, Monteiro Lobato, Oswaldo Orico, Alexina de Magalhães Pinto, Mello Moraes Filho, Carmem Dolores, Silvio Romero, Marco Haurélio, Januária Cristina Alves, a coleção Antologia ilustrada do folclore brasileiro...

BB: Vocês têm um ou mais personagens preferidos, pelos quais vocês tenham um carinho especial por algum motivo?

Alexandre: Puxa vida, eu amo o Saci. É, sem dúvida, o meu preferido, mas gosto também de criaturas como o Capelobo e o Mapinguari. Esses últimos têm aparência fantástica, o que conta pontos para mim (risos). Adoro a história de Norato e Caninana. Sinto também uma enorme compaixão pela Mula sem cabeça. Em relação aos personagens do livro, a Billy é demais!

Cris: O meu queridinho é o Curupira, por proteger as matas e os animais, além de ser o mais antigo já registrado no Brasil.

BB: Vocês têm alguma curiosidade sobre os personagens ou sobre o processo do livro que vocês possam compartilhar com a gente?

Alexandre: Ah! São tantas curiosidades sobre essas personagens! Sabia que diz-se que Norato matou a Caninana? Que o Romãozinho já foi apresentado como um saci? Que existem lobisomens que se transformam em jumentos e bodes, ao invés de lobos?

Cris: Para mim, o processo de ilustrar esse livro foi, como em Quem Matou o Saci?, muito divertido. Fui desenhando, produzindo material e fotografando para agregar valor emocional às fichas das personagens. Foram pequenos cafunés ilustrados, como o papel de bala de tamarindo que tanto gosto, a caneta com o "I ♥ Areal" (cidade do RJ na qual temos um sítio), a receita médica do Pé de Garrafa, o retrato falado do Romãozinho e outros detalhes gostosos do livro.

BB: Quais memórias vocês têm do folclore? Vocês lembram quando e como entraram em contato com essas figuras pela primeira vez? Foi ainda na infância?

Alexandre: A minha memória mais antiga vem do programa de TV do Sítio do Picapau Amarelo. Foi quando conheci o Saci, a Cuca, o Curupira, a Iara, o Boitatá, a Mula sem cabeça... Principalmente entre 1977-1980, quando a Narizinho ainda era interpretada pela Rosana Garcia. Eu tinha entre 8 e 11 anos.

Cris: Aprendi sobre folclore através de histórias que ouvi quando pequena, sempre fui muito curiosa e gostava de saber mais e mais sobre esses seres fantásticos.

BB: Folclore é, por definição, popular e oral (na origem). Como autores, vocês acham que as narrativas orais, aquelas memórias de família que repetimos em todas as festas (e viram "causos"), aquele momento na mesa do jantar em que os pais narram o dia para os filhos, que também são espaços formativos de leitores?

Alexandre e Cris: Sim, claro! É fundamental que haja essa conversa entre pais e filhos, mas isso sozinho não basta. Pode-se atiçar a curiosidade com o papo do jantar, mas é necessário apresentar os pequenos aos livros também. Até para que eles se aprofundem no conhecimento. Manter uma biblioteca em casa é essencial. Passear por livrarias é ótimo. Frequentar bibliotecas públicas também. Dar algo que possa servir de alternativa ao videogame. Pode-se aproveitar uma série televisiva de sucesso, como essa que estreou recentemente na Netflix, e puxar um fio daí. Se a criança gostou do Boto, que tal pesquisar um pouco sobre ele? Sobre o Saci? Sobre o Tutu Marambá?

BB: Como vocês imaginam a mediação de Procura-se o Curupira?

Alexandre e Cris: Imaginamos que haverá conversas sobre seres do folclore brasileiro, isso é inevitável. Se juntar o primeiro livro já são tantas fichas de suspeitos... Que tal pesquisar outras criaturas para criar novas fichas? Tem ainda a Iara, o Negrinho do Pastoreio, o Labatut... Dá para viajarmos nesse folclore maravilhoso. Imagino também que alguns seres serão abordados de forma mais cuidadosa, afinal são personagens violentos.

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E você? Que personagens mitológicos brasileiro conhece?

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